Olá!
É sempre bom estarmos juntos às quintas.
Hoje, trago para você uma história surreal e incrível sobre o homem que morreu enforcado em um pântano e ficou lá desde a idade do bronze.
Em 6 de maio de 1950 foi encontrada por escavadores de turfa no centro-norte da Dinamarca, a múmia mais incrível e surreal da Dinamarca, devido ao seu incrível estado de preservação.
A múmia foi batizada como O Homem de Tollund em homenagem à vila onde foi encontrado. Em torno de seu pescoço havia um sulco profundo e uma corda de couro trançado – usada no enforcamento. Na cabeça usava um gorro de couro de ovelha em ótimas condições, forrado de lã no interior. A serenidade da face e o excepcional estado de conservação tornaram a múmia mais bem preservada do mundo.
O indivíduo foi enforcado e jogado em um pântano há 2,4 mil anos, na Idade do Ferro, mas, mesmo após tanto tempo, pesquisadores conseguiram identificar qual foi sua última refeição em vida. Alimentou-se entre 12 a 24 horas antes de morrer. Comeu mingau a base de cevada, linho e persicária. O alimento indica que o indivíduo não foi executado como criminoso, mas foi vítima de um sacrifício humano.
Pelo estado de preservação, cogitou-se que o assassinato do homem tivesse sido recente. Contudo, os estudos revelaram a morte ocorreu na Idade de Ferro, provavelmente, por volta do ano 350 a.C. A múmia estava disposta cuidadosamente e trazia um laço de couro trançado em volta do pescoço.
Naquela época, na Escandinávia, rituais aos deuses eram comuns durante períodos de escassez. Normalmente realizados a Odin e Thor buscavam a vitória em alguma batalha e, para a deusa Freyr, pediam fecundidade.
Não se sabe exatamente o motivo pelo qual os Vikings jogavam as pessoas em pântanos, lagos e rios. A única certeza que se tem é que eram oferendas aos deuses e a prática provavelmente se iniciou entre o século V e o século I a.C.
Em 2002, novos estudos foram realizados e, observando que a língua da múmia estava inchada, bem como as vértebras cervicais muito danificadas, foi reforçada a tese de sacrifício, pois esses eram sinais que corroboravam com a suposição de enforcamento. Outro indício que também corroborou com tal hipótese, ao invés da execução — como castigo para um crime —, foi a descoberta de diferentes tipos de sementes no estômago do homem de Tollund.
Como não era algo comum a população ter uma alimentação diversificada àquela época, os cientistas concluíram que a última refeição do homem era um sinal dele estar participando de alguma ocasião especial, por exemplo, um ritual. A oferta de sacrifício para os deuses e as refeições subsequentes que todos participavam, poderiam representar tanto um reconhecimento do poder divino, bem como uma tentativa de alinhar a vida com a vontade divina.
Era um ato realizado na esperança de que os deuses respondessem favoravelmente a um pedido e se o tal ato não fosse bem sucedido, poderia haver grandes problemas para os povos adoradores. Alguns desses sacrifícios eram realizados através do enforcamento, posteriormente atirando-se o corpo a um pântano. As oferendas humanas normalmente eram de prisioneiros de guerras e batalhas, empregados ou criminosos.
Em tempos de crise, os membros das famílias mais nobres poderiam ser sacrificados para apaziguar Odin. Dessa forma, o Homem de Tollund é um achado arqueológico incrível por ser um dos exemplos mais bem preservados já encontrado na História e oriundo de rituais realizados pelos povos nórdicos para seus deuses, algo pouco documentado e que suscita muitas dúvidas nos pesquisadores atuais.
A história desse desconhecido de Tollund foi minha inspiração para criar a história A Sombra no Caquizeiro. Se você perdeu, clique aqui e confira, na Amazon, essa noveleta surreal, sombria e incrível.
Na próxima semana, começamos outra saga, com um nanoconto.
Até lá!
Impressionante, Marcelino! Eu não sabia dessa história. As fotos são intrigantes, mesmo!
Em tempo: você faz falta no grupo da Mentoria...
Olá, Marcelino. Fotos e história muito intrigantes mesmo. E fiquei super interessada em A sombra do caquizeiro. Parabéns!!